Se você é daquelas gravidas/mães que adoram assistir aos programas sobre gravidez que dá nos canais de TV à cabo, com certeza já ouviu falar sobre o Plano de Parto e o enxerga como algo só existente em outros países, né? Eu também pensava assim e nessa gestação, descobri que estava totalmente enganada! Sei que não sou a única, por isso, convidei a doula Fabíola Coutinho para explicar pra vocês o que é o Plano de Parto e porque é importante toda gestante fazer o seu. Confiram abaixo:
Plano de Parto
Plano de Parto é um documento
onde constam as necessidades levantadas pela gestante/parturiente para que parto/nascimento
aconteçam da melhor maneira possível, de acordo com a sua vontade.
Antes de se montar o Plano de
Parto, ressalto a importância de se conhecer "bem" o profissional que
foi escolhido para atender o pré-natal. Saber quais são suas práticas, opinião
sobre parto normal e respeito à mulher na hora do parto é de fundamental
importância, porque o Plano de Parto lhe assegura muita coisa, mas não faz milagre.
Depois de conhecer o
profissional, outra etapa é saber aonde será o parto (SUS, particular,
domiciliar). O olhar da mulher deve se voltar para todos os detalhes, ou quase
todos, que envolvam o nascimento.
Para a elaboração desse documento
devem constar o que a mulher deseja e não admite, durante todo o processo de
trabalho de parto, parto e pós-parto. Cada item importa, cada detalhe faz muita
diferença. Mas, para elaborar o PP de forma consciente, é importante ter
conhecimento sobre muitos aspectos da humanização do parto (ciência baseada em
evidências). Saber, por exemplo o que seja violência obstétrica, o que facilita
ou prejudica no trabalho de parto, os benefícios ou não de certas práticas com
a mulher e com o bebê, o que seja imprescindível, importante ou dispensável. É
importante que a mulher se conheça e saiba o que seria ideal para o momento e o
que não abriria mão de jeito nenhum. Alguns itens de grande relevância para
constar no Plano de Parto: prática da episiotomia, manobra de khristeller, uso sem
autorização de indução, toques desnecessários, luz, barulho, quantidade de
pessoas na sala de parto, movimento da mulher durante o trabalho de parto, e
tantas outras coisas, que só com muita pesquisa, trocas em grupos, conversa com
doulas e profissionais envolvidos na humanização do parto, ajudarão em cada
escolha.
Esse olhar cauteloso também deve
ser voltado para o bebê. O Plano de Parto deve constar itens importantes para
proteger o recém-nascido de práticas desnecessárias, como: aspiração, banho
antes de 24 horas, uso do colírio nitrato de prata, afastamento do bebê da mãe,
amamentação na primeira hora de vida, uso de complemento, vacinas, etc.
Sabemos que para planejarmos
qualquer coisa, é necessário ter um plano principal e um secundário, para que
não sejamos pegas de surpresa. Com o Plano de Parto não é diferente. Nele
precisam constar todas as possibilidades que se possam imaginar, para o
parto/nascimento. Ou seja, dentro do Plano de Parto deve contar mais de um
"plano". Plano para parto normal sem intervenção (plano A), para
normal caso haja necessidade de intervenção (plano B), para cesariana
intraparto - cirurgia feita depois que a mulher entra em trabalho de parto
(plano C), para cesária agendada antes de entrar em TP (plano D), para
transferência para hospital, em casa parto domiciliar (plano E)... percebe como
é necessário pensar de forma bem detalhada em como se deseja um
parto/nascimento?
Levantadas todas essas questões, o profissional de assistência ao parto, deve,
não só tomar conhecimento sobre a existência do PP e as exigências apontadas, como
também, discutir sobre cada com a mulher. É, muitas vezes na discussão
sobre o PP, que muitas mulheres descobrem, de verdade, quem é o profissional que
está lhe assistindo, e quais são suas verdadeiras práticas. Isso acontece
porque, depois de lido e discutido, o documento deverá ser carimbado e assinado
por ele, comprovando que está de acordo e ciente da vontade da gestante.
Qualquer coisa que seja feita diferente do que foi acordado, o documento serve
como prova para possíveis processos judiciais.
Após esse processo com o
profissional de saúde obstétrica, o documento deve ser levado ao hospital, para
que seja apresentado à direção e saber se alguns dos itens abordados (se
envolverem a estrutura da instituição) têm condições de ser efetivados. Por
isso é importante que se conheça a instituição de saúde para aonde se deseja
ir, para que os itens abordados no PP estejam de acordo com a prática do
hospital. Não adianta colocar no Plano de Parto que gostaria de silêncio no
quarto, se no hospital só tem quartos coletivos. Ou que gostaria que o
ar-condicionado fosse desligado, se o aparelho lá é central. Então, o PP deve
estar de acordo com as possibilidade da instituição, para que ele seja
realizável.
Por tudo o que foi exposto, é
muito importante que a mulher faça suas escolhas de forma consciente, para se
preparar e saber o que esperar do momento que envolve nascimento e descobertas. Mas... nem tudo são flores na
vida, não é mesmo? Sendo assim, é importante ressaltar que nem sempre o Plano
de Parto é respeitado, seja pelo profissional de saúde, seja pelo hospital. Por
isso, ter uma cópia com a família é fundamental. Reconhecer o documento no
cartório para garantir sua legitimidade, também é uma boa alternativa.
Depois do Plano de Parto ser
feito e refeito, ele deverá ser impresso em 3 vias e serem assinadas pelo
profissional de saúde, pela direção do hospital e pela elaboradora (gestante).
Caso se opte pelo autenticação, todas as vias devem passar pelo cartório.Uma via será entregue ao
acompanhante de saúde, uma ao hospital no dia da entrada em TP e a outra deverá
ficar com o acompanhante, para que, qualquer ação em desacordo, o PP seja
apresentado como prova de ciência de todas as partes pelas exigências feitas.
Como escrever o Plano de Parto?
O Plano de Parto pode ser escrito
de diversas maneiras: poema, música, documento padrão, versos, crônicas... da
maneira que a mulher quiser, desde que seja claro e coerente.

Doula Fabiola Coutinho
Equipe Doulas no Rio
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